11 de dezembro de 2014

E as amigas grávidas pela segunda vez?

Pior que a amiga grávida é a amiga grávida pela segunda vez.

Nunca na vida me passou pela cabeça não ficar feliz com a gravidez de uma amiga mas também nunca na vida me passou pela cabeça não conseguir engravidar.

Com esta experiência vão-se aprendendo coisas novas sobre nós e somos diariamente confrontadas com sentimentos e atitudes que nunca acharíamos normais...

Na verdade, vistas bem as coisas, não é nada normal chorar de raiva por uma das nossas amigas ficar grávida, não é nada normal chorar num misto de tristeza e alegria quando recebemos a mensagem que nos diz que a bebé de uma das nossas melhores amigas já nasceu, não é normal ver os pézinhos dos gémeos daquele amigo do facebook e olhar para eles com despeito, não é normal fazermos festinhas na barriga da nossa amiga e chorar, não de emoção mas a pensar: "Porquê?!" mas também não é normal não engravidar quando se quer.

Se no inicio me martirizava com isso, agora permito-me ter todos esses maus sentimentos e evito confrontar-me com essas situações o mais possível.

Aos amigos de face que estão grávidos?
Eliminei-os do meu feed.

Às amigas com bebés, que tudo o que lhes sai da boca é falar dos cocós, gracinhas e noites mal dormidas dos seus respectivos rebentos?
Mudo de conversa em dois tempos. Ou muitas vezes num tempo só, que é ainda melhor.

Às piores... as amigas grávidas pela segunda vez? 
Evito estar com elas na esperança de as só voltar a encontrar quando os miúdos andarem na faculdade.

Este último fim-de-semana tive um jantar de Natal com amigos. Tudo muito bem até me aperceber que a ideia era convidar também o Afonso e a Leonor, a amiga grávida pela segunda vez... e aí a coisa descarrilou.

Pensei logo em inventar uma grande desculpa para me baldar ao almoço. Com a pequena Isabel eu até já lido bem, também ajuda a menina ser um bocadinho anti-social e até dá pouca vontade de ter uma igual a ela, mas as grávidas... as bi-grávidas, ainda mais, destroem-me por dentro.

Com uma das minhas amigas, a sem bebés como eu, eu já desabafei tudo o que me vai na alma e coração. E também já está avisada que quando engravidar eu só quero ser informada quando a criança entrar na primária. Já à Inês, mãe da Isabelinha, nem pensar!! Senão ela iria julgar que eu sou a pior pessoa do mundo. Ainda mais, porque agora é mãe e aí de alguém que diga mal do maravilhoso mundo das criancinhas, grávidas, cegonhas e especialmente da sua Isabelinha.

Liguei então à Filipa, onde ia ser a reunião, para lhe pedir que falasse com os outros dois casais sobre a minha situação, como se eu não soubesse de nada, para que evitassem o excesso de conversas maternais. Ela teve uma ideia melhor, convidar o casal grávido pela segunda vez, apenas para o lanche. 

Pareceu-me bem e já ia preparada para uma horinha de conversas sobre a o narizinho do feto na eco 3D, dos pontapés na barriga onde todos são convidados a massajar a barriga da grávida, dos desejos da mãe que o pai realiza sempre, da dificílima decisão entre pintar o quarto de rosa ou amarelo pintainho...
Tracei o estratégia até. Se a Inês tem a Isabelinha, a Leonor está grávida pela segunda vez, a Filipa está noiva então eu tenho que ser mais bonita de todas. Uma mesquinhice, eu sei. Mas eu disse-vos que esta minha condição me fazia ter atitudes que nunca acharia normal.

Porém, aconteceu-me melhor.

"Lurdes afinal o Afonso e a Leonor não vêm porque hoje é o lanchinho de 2º aniversário do Salvador" - disse-me a Filipa, praticamente, mal pus o pé na casa dela.

Claro que a mãe da Isabelinha aproveitou a deixa para, tentar, falar da felicidade da Leonor estar grávida outra vez... tal como a Leonor e o Afonso tinham planeado ainda estudavam no secundário... mas eu cortei-lhe as vazas num instante 

"Filipa o arroz não precisa de sair do forno?"



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