12 de dezembro de 2014

Para quando o nosso natal Pai de Jesus?

O Natal está à distância de menos de duas semanas.

Ainda não é este ano que tenho o Natal sonhado desde que me lembro de ser menina romântica - eu, o amor da minha vida, os nossos gatos e os nossos filhos, todos em volta da árvore de Natal que amo enfeitar todos os anos.

É a árvore de Natal que me aquece o coração nestes dias que antecedem o Natal. Enfeitada com o maior carinho e dedicação, de luzes sempre cintilantes mal meto o pé em casa ao final do dia, ali fica ela... permitindo-me que olhe para ela quanto tempo eu quiser, permitindo-me que fale com ela pedindo-lhe a realização de um sonho, permitindo-me olhar para ela e imaginar um Natal em que eu e o Marco agradeceremos a Deus por nos ter abençoado com o natal do nosso filho.

Porque afinal natal é nascimento.

11 de dezembro de 2014

E as amigas grávidas pela segunda vez?

Pior que a amiga grávida é a amiga grávida pela segunda vez.

Nunca na vida me passou pela cabeça não ficar feliz com a gravidez de uma amiga mas também nunca na vida me passou pela cabeça não conseguir engravidar.

Com esta experiência vão-se aprendendo coisas novas sobre nós e somos diariamente confrontadas com sentimentos e atitudes que nunca acharíamos normais...

Na verdade, vistas bem as coisas, não é nada normal chorar de raiva por uma das nossas amigas ficar grávida, não é nada normal chorar num misto de tristeza e alegria quando recebemos a mensagem que nos diz que a bebé de uma das nossas melhores amigas já nasceu, não é normal ver os pézinhos dos gémeos daquele amigo do facebook e olhar para eles com despeito, não é normal fazermos festinhas na barriga da nossa amiga e chorar, não de emoção mas a pensar: "Porquê?!" mas também não é normal não engravidar quando se quer.

Se no inicio me martirizava com isso, agora permito-me ter todos esses maus sentimentos e evito confrontar-me com essas situações o mais possível.

Aos amigos de face que estão grávidos?
Eliminei-os do meu feed.

Às amigas com bebés, que tudo o que lhes sai da boca é falar dos cocós, gracinhas e noites mal dormidas dos seus respectivos rebentos?
Mudo de conversa em dois tempos. Ou muitas vezes num tempo só, que é ainda melhor.

Às piores... as amigas grávidas pela segunda vez? 
Evito estar com elas na esperança de as só voltar a encontrar quando os miúdos andarem na faculdade.

Este último fim-de-semana tive um jantar de Natal com amigos. Tudo muito bem até me aperceber que a ideia era convidar também o Afonso e a Leonor, a amiga grávida pela segunda vez... e aí a coisa descarrilou.

Pensei logo em inventar uma grande desculpa para me baldar ao almoço. Com a pequena Isabel eu até já lido bem, também ajuda a menina ser um bocadinho anti-social e até dá pouca vontade de ter uma igual a ela, mas as grávidas... as bi-grávidas, ainda mais, destroem-me por dentro.

Com uma das minhas amigas, a sem bebés como eu, eu já desabafei tudo o que me vai na alma e coração. E também já está avisada que quando engravidar eu só quero ser informada quando a criança entrar na primária. Já à Inês, mãe da Isabelinha, nem pensar!! Senão ela iria julgar que eu sou a pior pessoa do mundo. Ainda mais, porque agora é mãe e aí de alguém que diga mal do maravilhoso mundo das criancinhas, grávidas, cegonhas e especialmente da sua Isabelinha.

Liguei então à Filipa, onde ia ser a reunião, para lhe pedir que falasse com os outros dois casais sobre a minha situação, como se eu não soubesse de nada, para que evitassem o excesso de conversas maternais. Ela teve uma ideia melhor, convidar o casal grávido pela segunda vez, apenas para o lanche. 

Pareceu-me bem e já ia preparada para uma horinha de conversas sobre a o narizinho do feto na eco 3D, dos pontapés na barriga onde todos são convidados a massajar a barriga da grávida, dos desejos da mãe que o pai realiza sempre, da dificílima decisão entre pintar o quarto de rosa ou amarelo pintainho...
Tracei o estratégia até. Se a Inês tem a Isabelinha, a Leonor está grávida pela segunda vez, a Filipa está noiva então eu tenho que ser mais bonita de todas. Uma mesquinhice, eu sei. Mas eu disse-vos que esta minha condição me fazia ter atitudes que nunca acharia normal.

Porém, aconteceu-me melhor.

"Lurdes afinal o Afonso e a Leonor não vêm porque hoje é o lanchinho de 2º aniversário do Salvador" - disse-me a Filipa, praticamente, mal pus o pé na casa dela.

Claro que a mãe da Isabelinha aproveitou a deixa para, tentar, falar da felicidade da Leonor estar grávida outra vez... tal como a Leonor e o Afonso tinham planeado ainda estudavam no secundário... mas eu cortei-lhe as vazas num instante 

"Filipa o arroz não precisa de sair do forno?"



3 de dezembro de 2014

Até onde ir para ser mãe?

Há uns meses li numa revista que a actriz Paula Neves também não conseguia engravidar. Podem achar chocante mas assumo que senti conforto... não por a Paula não conseguir ter filhos mas porque me senti menos sozinha. 

Mais recentemente li que a actriz Paula Neves, certamente depois de lhe perguntarem pela milhenta vez sobre os tratamentos de fertilidade, terá dito: 

"entrou-se num processo em que os procedimentos não são naturais, são violentos, invasivos. Custa-me muito impor coisas à vida, porque não sei o que me pode calhar. Entrar num processo em que é preciso bastante resistência, para aguentar muitas coisas, para no final ter dois ou três filhos, acaba por ser um filme de terror na minha cabeça. Estava a sentir que a parte íntima do meu casamento estava a ser invadida e eu não quero isso, não quero assim tanto ser mãe. Aquilo não me faz sentido".

Entendi bem aquelas palavras. Continuo à espera da consulta de infertilidade no Hospital de Sta Maria, pelo que ainda não cheguei à fase dos tratamentos que a Paula se deve estar a referir. Porém, desde o momento que quisemos ir ao médico para perceber qual era o nosso problema que digo que não quero ir ao ponto da fertilização in vitro

Talvez porque já ouvi alguns relatos do que envolve essa técnica de fertilização, que é só a última hipótese de engravidar. É pouco natural, tem muito médico envolvido, técnicos, seringas, desconforto, horas marcadas... e amor... pouco, muito pouco porque chega uma altura em que se está tão envolvido naquilo que não há tempo para amar.

Nós também já tivemos de fazer alguns exames que abalaram a nossa intimidade e nem quero imaginar o que uma técnica tão invasiva poderia fazer.

Sim, é verdade que tudo o que eu mais quero nesta vida é ser mãe mas só porque já tenho tudo o que sempre desejei toda a minha vida... encontrar o homem com quem quero passar o resto dos meus dias.

Já me pus a pensar se trocaria a concretização do meu sonho de ser mãe pelo meu relacionamento. A resposta foi imediata... Nunca!! Nem pensar!!!

1 de dezembro de 2014

João "o bebé"

No meu trabalho, de vez em quando, vai lá passar umas horas um bebé... que para mim é "o bebé."

Não sei qual é a experiência das outras mulheres que não conseguem ter filhos mas eu, apartir de uma certa altura comecei a evitar pegar em bebés. Até aí ainda ficava contente quando via um bebé, ainda ficava contente quando uma amiga engravidava, ainda achava fofinho fotos de barriguinhas grávidas no facebook, ainda fazia gostos em fotos das ecografias porque ainda estava na fase "vai ser tão lindo quando tiver o meu bebé".

Depois que entrei na fase "irritada com o mundo por não me dar um filho" evito até chegar-me perto dos bebés ou arranjo desculpas para não ter que pagar neles... ou porque estou a cozinhar, e assim enquanto as minhas amigas brincam na sala com a pequenina Isabel, eu estou muito ocupada ou porque estou com muita pressa e assim espreito só num instante para o carrinho de bebé daquela conhecida que encontrei na rua ou ainda porque "Ai o Marco tem muito mais jeito com bebés." e passo o bebé dos nossos amigos para o colo do meu marido.

O pequenino João, de apenas 5 mesinhos, começou a ir passar umas horas conosco na loja porque a minha patroa, que não foi mãe por opção, tem um instinto maternal gigante e sempre que vê um bebé já não o larga mais.

"Oh Lurdes!! Venha cá ver estes pézinhos"

Umas vezes eu fingia que estava ocupada, outras ia mas ficava sempre a uma distância de segurança, tendo a perfeita noção que ela estava à espera que eu pegasse no João. Como faria qualquer mulher que visse aquela carinha. 

Já eu, só olhava para o João e sentia um vazio... um aperto, de mão cerrada, no coração. Sorria forçadamente e rapidamente me escapulia dali.

A minha patroa é maternal com bebés e com toda a gente que gosta também. Ou não fosse ela do signo Leão... Comigo não é diferente. Ela se puder estar sempre a alimentar-me é o que ela faz, ela se eu tiver frio traz-me um casaco, um cachecol, umas luvas e ainda o aquecedor, ela se eu tiver gases traz-me logo o aeroOM, ela que até sabe da minha dificuladade em engravidar queria que eu pegasse no João porque achava que isso me faria bem.

E um dia eu descobri que ela tinha razão.

O João começou a ficar lá na loja tantas vezes que a certa altura tornou-se impossível não lhe pegar. Ou porque a minha patroa tinha que atender um cliente, fazer uma chamada telefónica, ir à casa de banho ou qualquer outra desculpa que ela inventasse... e foi então que o João se tornou "o bebé".

O sorriso de boca aberta do João quando me vê ao longe, o enroscar da cabeçinha careca no meu peito quando tem soninho, o cheirinho a bebé quando encosto a minha cara ao pescocinho dele, a força das suas mãozinhas a agarrar a minha mão e depois a primeira vez que o adormeci ao colo... o João estava a lutar contra o sono há mais de uma hora mas o narizinho vermelho e os olhinhos papudos era um sinal notório de soninho e foi então que a minha patroa me passou o Joãozinho. Até ali até duvidava do meu jeito para acalmar um bebé mas lembrei-me que cantar me acalmava e que isso talvez também acalmasse o João. Cantei baixinho a música que canto sempre que estou triste "...when the dog bits, when the bee stings, when I`m feeling sad I simple remember my favourite things and then I dont feel so bad...". Sei que cantei a música vezes sem conta mas quando dei por ela já o João ressonava baixinho e dormia profundamente. Esse foi o preciso momento em que o João se tornou "o bebé".

O bebé que quando pego me enche de um calor tão carinhoso e de uma paz imensa. Uma sensação que nunca tinha sentido antes mas que me faz sentir tão bem, tão especial tão brilhante, tão magnífica.

Não, não me passa pela cabeça roubar o Joãozinho... calma!! Não o sinto como se fosse um filho sinto-o como uma cendalhazinha de esperança, um "talvez, talvez um dia..."

Continuo a evitar os outros bebés mas o João não. Anseio por aquela pele lisinha, aquela gargalhada arreganhada, aquele cheirinho, o momento em que lhe dá o soninho, para aí sermos só eu ele e a nossa música, aquele bocadinho em que sou a "ama" e amo aquele menino com todas as minhas forças.

Obrigada João por me fazeres acreditar, ainda.

 


A consulta de pré engravidamento

Digo que já se passaram 6 anos desde que comecei a tentar engravidar. Na verdade não sei bem ao certo porque tenho uma péssima memória mas tenho a certeza que são pelo menos um carradão de anos. Anos demais, quando todos os meses perco mais um bocadinho de alegria.

Serão por volta duns 6 anos... acho que ainda não me tinha juntado em definitivo com o meu ex namorado quando já falava, sim falava sozinha porque não havia grande vontade do outro lado, em começar a tentar ter filhos.

Inicialmente lá fui eu, toda contente, cheia de sonhos, certezas e expectativas, ao médico do planeamento familiar. Ia com regularidade ao planeamento familiar, já que tomava a pílula desde os 16 anos e dava-me um grande jeitão poupar uns euros. Tenho dores menstruações daquelas de vomitar, de me darem valentes diarreias ou ter-me de deitar num qualquer chão, de uma qualquer rua ou sitio, para não desmaiar, desde que me lembro de ser menstruada. O diagnóstico - dismnorreia - um nome horroroso para uma condição igualmente horrorosa. O que é certo é que desde que me receitaram a pílula as dores e desconforto acalmaram, bastante.

Assim, eu era uma cliente assídua no planeamento familiar. E nas horas intermináveis na sala de espera lia tudo o que era panfleto informativo. Quando comecei a querer engravidar já sabia de cor os passos que devia seguir para ter uma gravidez e um bebé saudáveis.

1 - Ir ao médico para fazer análises. Para saber se estava bem de saúde, qual o meu grupo sanguíneo e ver se era imune à toxoplasmose.

Também já sabia que, provavelmente, o médico me ia receitar ácido fólico.

E assim foi. Ainda a tomar a pilula lá fui à consulta de pré engravidamento. Era um médico muito simpático, do mais amoroso que há, que fez tudo o era esperado e falou o tempo todo comigo como se engravidar fosse a coisa mais simples e fácil do mundo. Tipo: "depois quando engravidar vem cá ter comigo para marcarmos as consultas de acompanhamento da gravidez".

Já lá vão 6 anos e escusado será dizer que não mais lá fui para as tais consultas de grávida.

Outras consultas se seguiram, aquelas que culminaram um lugar na, infindável, lista de espera da consulta de infertilidade do Sta Maria.

30 de novembro de 2014

Adivinha quem chegou?

O que até já era esperado mas que há sempre esperança que não venha.

Eu chamo-lhe mesmo período, o meu marido prefere chamar-lhe "o Benfica". O que no caso dele, um benfiquista ferrenho, até é um bocado estranho, já que ele detesta este "Benfica" em particular.

Este mês já ia no 28º dia do ciclo, o que tendo em conta que os meus ciclos normais são de 25 dias, já me estava a deixar um bocadinho de pulga atrás da orelha. Mas hoje, pouco antes do almoço lá começou a muínha, a muínha que dói mais que as dores menstruais. Aquela que aperta o coração, que destroí um bocadnho de mim, que me tira mais um bocadinho de vida e alegria.

Até àquela muínha tudo parecia possível, mesmo que este mês as tentativas tivessem sido quase nulas, mas há sempre uma luzinha, um calorzinho de esperança cá dentro que me faz acreditar que talvez... Depois da muínha vem a realidade dura, as conversas comigo mesma: "Claro que não!! Era impossível. Estavam cá os sinais todos da vinda do período. Parva!!". E nessas conversas surgem tantas vezes o "porquê Deus!?", "Vá lá quero tanto ter um bebé, porquê eu?!" e os auto maus tratos "És seca, uma ameixa seca" acompanhado de apertos e murros aos meus ovários...

Um sofrimento do mais triste e doloroso que há. Mas depois, aquela esperança é substituída por aquela luz quentinha cá dentro, aquela que me diz baixinho :"logo, quando saíres do trabalho vais-te enroscar nele e pedir miminho e vai ser tão bom"... e é tão bom sentir o amor a passar da pele dele para a minha, quando ele me abraça, um amor silencioso que grita alto: "Eu sei, não fiques triste. Também queria muito ser pai dum filho teu. Estou a sofrer tanto como tu..." 

E naqueles minutos sinto-me a pessoa mais sortuda e completa do mundo inteiro... mas depois os minutos passam e apesar de continuar lá aquele amor, tão grandioso e único, começa um novo mês... uma nova batalha.

29 de novembro de 2014

Fase do mês: Menstruação igual a Gravidez

Passei o dia a apalpar as maminhas, num comportamento que roça um bocado o masoquismo. Quanto mais me doem mais contente fico. E assim foi o dia todo no trabalho. De vez em quando, de quando em vez, lá aperto as maminhas, com a mão, disfarçadamente, ou mesmo com os braços, comprimindo-os sobre o corpo, como se, mais do que a esconder, esse comportamento, dos outros o estivesse a esconder de mim. 
Este mês a probabilidade de estar grávida, roça os 0%, porque foi um mês de "travessia do deserto" (assunto que ficará para outros posts) mas ainda assim a minha mente diz-me constantemente "será desta?". 

E é assim todos os meses... todos os meses do últimos 6 anos.